Gestão de Capital de Giro: Como Determinar a Melhor Estratégia para sua Empresa
Definir a estratégia de gestão de capital de giro mais adequada pode fazer toda a diferença na saúde financeira do negócio e ser determinante no sucesso ou insucesso de uma empresa.
Dentre as muitas tarefas de um empresário, a gestão financeira de uma empresa é com certeza uma das questões que mais demanda atenção, pois qualquer estratégia má escolhida pode levar a falência do negócio. É realmente muita responsabilidade nas mãos do administrador, não é mesmo?
Mas como determinar a viabilidade financeira de um negócio?
No geral, empresas que precisam financiar suas operações de curto prazo com capital de terceiros (bancos) para compra de estoques e matérias primas não são viáveis e a longo prazo tendem a descontinuar suas operações, independente da taxa de juros paga no financiamento. Muitas vezes o gestor imagina que está tendo uma vantagem conseguindo um financiamento a juros baixos, mas na prática está pegando dinheiro para pagar fornecedores e repor estoques estratégicos.
Por isso, as melhores estratégias de financiamento da gestão do capital de giro para operações precisam de ser muito bem definidas a ponto de que as decisões sejam tomadas de forma coerente e sustentável. Ao contrário, pode-se colocar a empresa em alto grau de risco, expô-la à perdas e endividamentos constantes, o que pode culminar na falência do negócio.
Pensando nisso, neste artigo preparamos um guia completo para te ajudar a determinar, calcular e colocar em prática a melhor estratégia de gestão do capital de giro para a sua empresa. Vamos lá?
Métodos de financiamento: Qual é o melhor para sua empresa?
• Receber antes de pagar:
Essa estratégia minimiza a necessidade na gestão do capital de giro e maximiza o fluxo de caixa da empresa, devido a possibilidade de reposição sustentável, onde a receita recebida financia suas próprias operações e possibilita ampliação de sobras de caixa para suprir seus estoques estratégicos. Esse seria o sonho de toda a corporação, não é mesmo?
Porém, na prática, se você é um cliente de pouca representatividade no mercado ou se o seu fornecedor representa um oligopólio mercantil, sua empresa não conseguirá facilmente expandir o prazo para o pagamento.
Assim, uma boa metodologia seria buscar uma parceria com o fornecedor, onde um auxiliaria o outro nos processos de alguma forma, possibilitando a facilitação na negociação ou antecipação de recebimento de clientes por meio de bons descontos para pagamento à vista.
A estratégia primordial está em conseguir enxergar o ciclo financeiro (tempo médio recebimento com o tempo médio de pagamento) e conseguir trabalhar com o dinheiro de terceiros livre de juros (dinheiro de fornecedores por exemplo). Essa estratégia está em conseguir antecipar recebimentos e postergar pagamentos livre de juros.
• Diversificar carteiras de fornecedores para pagamentos em prazos distintos:
Essa é uma boa estratégia caso não seja possível uma parceria com um único fornecedor. Adotando-a, é possível conciliar prazos de recebimentos com prazos de pagamentos, onde pode-se planejar o pagamento de fornecedores de forma que esteja alinhado com o recebimento das carteiras de clientes.
Para facilitar esse processo é muito importante ter um bom sistema de controle financeiro empresarial. Porém, é necessário ressaltar que este é um método que não se adequa em todos os tipos de negócios, principalmente para aqueles com necessidades muito peculiares, como matérias primas específicas que não podem ser ofertadas por diversos fornecedores, pois isso envolve riscos estratégicos e operacionais.
• Desconto de duplicatas:
Trata-se de uma estratégia na qual antecipa-se o recebimento de carteiras de clientes, captando-se recursos com o banco e pagando-se uma taxa antecipada por esse dinheiro dando o direito para o banco ao recebimento dessa carteira quando efetivado o pagamento.
Essa deve ser uma das últimas opções escolhidas por um empresário, pois mesmo sendo menor, ainda trata-se de juros. Então, que seja preferível as duas estratégias anteriores antes de ser pensar em adotar a metodologia de desconto em duplicatas. Para esse processo é muito importante se ter um módulo financeiro no seu sistema de gestão empresarial.
O financiamento dos negócios com capital de terceiros (bancos) a longo prazo deve ter uma única finalidade: Ampliar negócios, produtos, serviços ou investimentos em imobilizados, que sejam alocados de tal forma que gerem um percentual de retorno superior a taxa de empréstimo sobre a capitação, por isso é necessário um bom planejamento para a captação desse tipo de recurso.
Ciclo operacional, econômico e financeiro:
Para aplicar a estratégia acima é importante conhecer o ciclo operacional, econômico e financeiro da empresa, segue um exemplo prático dos ciclos:
Exemplo Prático:
Vamos supor que uma empresa compre matérias primas e tenha um prazo de estocagem de 30 dias até a venda de determinado produto e pagamento de fornecedores em 45 dias, para receber dos clientes unicamente em 120 dias após a compra da matéria prima, tendo 75 dias entre o pagamento dos fornecedores e recebimento dos clientes:
Conforme apresentado no gráfico acima, essa empresa fica 75 dias com necessidade de capital de giro, onde ela precisa se financiar com capital próprio, emitir duplicatas ou pegar financiamento de bancos a longo prazo (opção não viável).
Essa empresa teria que implantar uma estratégia de antecipação de recebimento de clientes ou postergação de pagamento de fornecedores conforme especificado acima.
Já que nem sempre é possível a estratégia de antecipação de recebimento de clientes (pagamento à vista), sem levar a redução da carteira de clientes e a perda de oportunidade estratégicas e nem sempre é possível postergar pagamento de fornecedores (o que seria o ideal), sem levar a desconfiança para novas negociações e desconfiança por parte dos parceiros. Essa empresa teria as seguintes opções:
• Implantar uma estratégia de descontos para pagamentos à vista:
Essa estratégia não é necessariamente uma perda de dinheiro, pois uma empresa que tenha um bom planejamento financeiro aplicará juros no valor do produto ofertado de acordo com a estratégia de dinheiro no tempo e trará a valor presente, no intuito de não perder dinheiro.
Resumindo: os juros já estão embutidos no valor do produto, possibilitando assim a empresa oferecer desconto sem perder dinheiro;
• Analisar a possibilidade de ampliação no tempo de pagamento de fornecedores por meio de parcelamentos:
Essa estratégia consiste em, por exemplo, pagar os fornecedores em 5 vezes para receber dos clientes em 3 vezes, onde se consiga receber dos clientes com fechamentos em dias anteriores ao fechamento dos pagamentos.
O cuidado a ser tomado com essa estratégia está no controle de pagamentos e recebimentos, para não extrapolar nas compras em excesso, conseguindo com isso alinhar um lado da balança com o outro e ter uma boa estratégia para o giro de estoques, reduzindo ao mínimo a estocagem possível, pois caso as compras fiquem paradas resultarão em pagamentos sem saída de estoques e ausência de capital para financiamento dos processos.
Ampliação de estratégia de cobrança para clientes inadimplentes e caso não haja sucesso, a solução é a venda de carteiras inadimplentes para organizações profissionais na área de cobrança.
• Desconto de duplicatas:
Conforme abordado acima o desconto de duplicatas é um método utilizado para se ter dinheiro antes do recebimento efetivo dos clientes, onde caracteriza-se pelo desconto por meio de uma instituição financeira, conseguindo assim financiar suas atividades antecipando o recebimento do dinheiro.
Os cuidados a serem tomados com essa estratégia de financiamento estão nas duplicatas que serão destinadas às instituições, pois na ausência de pagamento por parte do cliente, a empresa terá que arcar com o valor para com a instituição financeira.
• Financiamento com capital próprio:
Caracteriza-se pelo caixa imediato que a empresa possui para financiar suas atividades. Porém, a longo prazo, é importante que as empresas de pequeno porte a médio porte utilizem de outra estratégia, pois o capital próprio fica limitado e se a longo prazo a empresa não conseguir adotar uma estratégia de financiamento diferenciada ela pode cair em longos endividamentos.
Minimizar a necessidade na gestão de capital de giro é garantir a sobrevivência da empresa, assim, é um aspecto fundamental para a continuidade do negócio e geração de valor. Por isso, estratégias voltadas para esse foco são muito importantes para a continuidade dos negócios. Além de ser de suma importância conseguir jogar a taxa efetiva sobre o financiamento ou desconto (caso a estratégia tenha sido desconto de duplicatas ou desconto para pagamentos à vista) no preço do produto vendido ou serviço prestado.
Fórmulas para cálculo dos ciclos:
• Ciclo operacional:
Fórmula: PME + PMCR;
Onde: PME= Prazo médio de estocagem;
E PMCR= Prazo médio de contas a receber;
• Ciclo Econômico:
Fórmula: PME
Ciclo Financeiro:
Fórmula: PME + PMCR – PMPF
Onde PMPF = Prazo médio de pagamento de fornecedores
• Margem de contribuição e ponto de equilíbrio:
Um empreendedor olhando de forma sintética as receitas, custos e despesas provavelmente não consiga visualizar qual a participação de cada produto ou serviço no resultado operacional, além de não conseguir visualizar a venda mínima que deve ser realizada para começar a ter um retorno sobre o produto específico ou serviço.
Um método fundamental para poder visualizar essa participação por produto ou serviço está na margem de contribuição unitária e na margem de contribuição total, onde pode-se visualizar o resultado de participações de cada um no negócio como um todo.
Para poder analisar de forma eficaz é importante determinar o valor de venda a ser realizada unitariamente, com as deduções unitárias (custos e despesas variáveis unitários por produtos). Não se considera os custos e despesas fixas inicialmente por estes não variarem por quantidade vendida, ou seja, independente do preço ou da quantidade vendida aqueles valores deverão ser pagos.
Segue método para determinar a participação de cada produto ou serviço por meio da margem de contribuição unitária (MCU) e margem de contribuição total (MCT):
MCU = (P – CVU – DVU)
MCT = (P – CVU – DVU) * QTD VENDIDA
Por meio dessa fórmula o empreendedor pode analisar aspectos como:
• Se é interessante dar uma maior ênfase para determinado produto ou serviço,
• Se é necessário a redução de custos sobre determinado produto ou serviço
• Necessidade de aumentar o preço ou descontinuar determinados produtos ou serviços.
Analisando a cada resultado pode-se acompanhar se as vendas vão melhorar ou piorar. Além disso, por meio desse método é possível implantar uma metodologia de custeio ABC, onde pode-se ratear as despesas fixas por percentual de participação de produtos ou serviços por meio de direcionadores de custo em uma regra de três.
Por direcionadores podemos entender: Tamanho de área, quantidade total produzida, capacidade máxima, dentre outros.
Já nos pontos de equilíbrio existem 3:
1. Ponto de equilíbrio contábil:
Determina-se pela quantidade vendida onde o retorno é zero e interpreta-se pela quantidade mínima que deve ser produzida ou a quantidade mínima de serviço prestado para se começar a ter um retorno sobre determinado produto ou serviço, com aquele custo unitário, despesa unitária e aquele preço predefinido. A fórmula se dá pela:
2. Ponto de equilíbrio econômico:
Determina-se pela quantidade vendida onde o retorno é igual ao custo de oportunidade desejado pelo referido investimento, onde esse custo pode ser definido pela margem de retorno total desejada sobre referido produto ou serviço. Pode-se ter como base de referência o retorno sobre um risco mínimo, que seria no caso a taxa Selic ou o CDI + algum retorno extra pelo risco adicional sobre o investimento, onde podemos determinar esse custo fazendo a seguinte cálculo:
Suponhamos que desejamos ter um retorno de 13% (taxa Selic de 6,5 mais 6,5 sobre o risco) e que o investimento total feito para determinado produto seja de R$ 10.000 para saber o custo de oportunidade a ser adicionado devemos calcular da seguinte forma:
X = custo de oportunidade
O cálculo ficaria da seguinte forma:
3. Ponto de equilíbrio financeiro:
Determina-se pela quantidade vendida onde o retorno sobre a venda é igual ao custo das vendas somando as deduções de cunho econômico (deduções que não possuem saídas de caixa efetiva, como depreciação, amortização, estimativas, etc..). Sendo definido pela seguinte fórmula:
Por que fazer uma boa gestão financeira de capital de giro?
Devido ao alto índice de falências no Brasil, conhecer as melhores estratégias de financiamento a curto prazo e saber alocar recursos em produtos e serviços que façam o diferencial nos resultados é fundamental. Um dinheiro com grande circulação como é o caso do capital de giro precisa-se de muita atenção.
Existem empresas hoje que não conseguem definir de forma certeira se estão tendo retornos viáveis ou não, às vezes as empresas podem estar se “definhando” aos poucos sem o gestor conseguir enxergar os grandes inimigos no processo.
A estratégia para acabar com os gargalos financeiros está na ampliação de aplicações de capital que gerem valor para a organização e que dê o retorno desejado aos seus donos ao ponto de valer a pena o investimento realizado no negócio, do contrário seria mais viável uma aplicação em um investimento de menor risco (CDB e Remuneração vinculada à Selic por exemplo).
Saber onde e como aplicar os recursos assim como o valor no tempo é essencial para a continuidade, assim como ter um bom controle financeiro disponibilizado pela tecnologia moderna, o que é possível através do uso de softwares de gestão que incluam o módulo de controle financeiro empresarial.
Agora é com você
Agora que você já conhece como fazer e a importância da gestão do capital de giro nas empresas, aproveite para conhecer como um software de controle financeiro empresarial pode contribuir para a sua estratégia! Confira mais informações sobre o módulo Financeiro do OTK ERP!
2 Comments
Abordagem Administração do Capital de Giro e o ciclo financeiro e imprescindível sobrevivência das Empresas bem como a Gestão estratégica de Custos aliado um Planejamento financeiro
Com certeza, são fatores essenciais para agregar valor a longo prazo. Porém não podemos esquecer que no aspecto da Gestão Estratégica de Custeio é de suma importância reduzir custos que não sejam tão impactantes a longo prazo, dando primazia aos custos com menor impacto. Existem empresas que reduzem investimentos com treinamentos, por exemplo, custos com tecnologia, compram matérias primas inferiores e acabam perdendo competitividade. Por isso é essencial na redução de custos uma boa estratégia de negociação com fornecedores, colaboradores e um forte investimento em tecnologia, de tal forma que reduza tempo, ganhe competitividade e não gere insatisfação por parte de fornecedores e colaboradores.
Um grande abraço José e muito obrigado por agregar valor ao nosso blog. Pode contar conosco para o que precisar.